Feijão e as perguntas nada idiotas



Sempre ouvi meus professores dizendo que não existe pergunta idiota. Hoje, como professora, concordo com eles. Poucas coisas dão tanta aflição do que não saber se nossos alunos estão entendendo ou não. Uma simples pergunta "idiota", mostra interesse, atenção e compreensão. Com os anos de sala de aula aumentando, é surpreendente perceber quantas perguntas ditas idiotas são repetidas ano após ano por pessoas diferentes e com experiências de vida completamente distintas. Na realidade, algumas vezes até fico na expectativa pelas perguntas (nada idiotas) que os alunos querem fazer. E, quando não o fazem, eu mesmo as faço, para garantir que questões simples, mas de suma importância, não passem despercebidas e não explicadas por serem simples ou "iniciantes" demais. 
Na cozinha, acontece algo muito semelhante. Não existe receita ou dica idiota. Como brasileiros, comemos arroz e feijão todos os dias e quem cozinha desde sempre acredita que isso é algo que nasce com as pessoas, se passa dos pais para os filhos e, muita vezes, quem cozinha acredita que não deve "se meter" na receita de arroz ou de feijão de outra pessoa. Porém, cada vez mais vejo que as coisas não são bem assim.
Quando morei na Austrália ensinei uma amiga a fazer arroz. Foi incrível, meu tão querido arroz passou a ser reproduzido por uma francesa para as crianças australianas de quem cuidava. Ela me agradeceu inúmeras vezes, pois tinha verdadeiro pânico de fazer o arroz e a dona da casa sempre pedia para que ela o fizesse por considerar este um prato simples e sem muitas possibilidades de erro.
Já ensinei pessoas a cortar cebola, descascar alho e picar ovo, coisas certamente consideradas idiotas por muitos. Vocês não podem imaginar a alegria que isso me dá. Ver que sei algo que pode facilitar o dia a dia de uma pessoa é muito gratificante. E, PASMEM, há menos de um mês ralei cebola pela primeira vez. Nunca tinha visto isso antes. Na minha família não se faz assim. Já, na família da pessoa que me ensinou, não existe outra forma de usar a cebola nas preparações.
Estou narrando tudo isso para dizer que não existe pergunta idiota, receita idiota, dica idiota, dúvida idiota. Sempre que quiserem, me perguntem, por favor!
Enfim, a receita neste post surgiu pois, há cerca de um ano, perguntei se as pessoas queriam receita de feijão e elas disseram que sim. Então hoje teremos algo básico da cozinha brasileira mas que, pelo visto, nem todo mundo sabe.

Ingredientes:
250 g de feijão preto cru
1 cebola (opcional)
2 dentes de alho (opcional)
5 folhas de louro (opcional)
Óleo 
Sal 
1 perna de linguiça calabresa fatiada (opcional)
Água

O preparo do feijão deve começar com 12 horas de antecedência. Para tirar os antinutrientes que causam gases e desconforto intestinal e amolecer o grão, devemos deixar o feijão cru de molho por 12 horas.
Passado esse tempo, comece o preparo. Em uma panela de pressão, rite a calabresa com óleo (parte opcional, se você não come carne, pule essa parte) até começar a dourar e acrescente a cebola (se você estiver com preguiça e já tiver colocado a calabresa, pode pular essa parte). Quando ela dourar, junte o alho, refogue rapidamente e coloque o feijão, as folhas de louro, sal e água suficiente para cobrir e ter água uns 4 dedos acima do feijão. Feche a panela e cozinhe por 40 minutos depois de ter pego a pressão. Então, abra a panela e deixe cozinhar sem tampa até o caldo engrossar. Se a água tiver secado, coloque mais água. Se você gosta do feijão mais grosso e não quiser deixar o caldo engrossar, pode retirar alguns grãos, amassá-los com o garfo e devolvê-los para a panela. Há também quem coloque farinha de trigo para este mesmo fim.
Essa é a minha receita, mistura do que aprendi com a minha mãe e com a família do meu namorado.
Se tiverem dúvidas, me chamem sem medo <3

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