Ou será que fui em que ali entrei? Pesto e a minha paixão pela gastronomia
Vocês já tiveram uma experiência de amor à primeira vista por uma música? E já aconteceu de vocês amarem uma música que não "se encaixa" na história de vocês? Isso já aconteceu comigo. Eu ouvi essa música pela primeira vez com 13 anos e, desde então, tento achar uma maneira de tornar ela a minha música. E eis que, 17 anos depois, parece que ela finalmente fez algum sentido.
"Ela entrou e eu estava ali
Ou será que fui eu que ali entrei
Sem sequer pedir
A menor licença?
(...)
Ela me olhou bem
Quem sabe com ela
Eu teria achado
O que sempre me faltava
Cores, colagens, sons, emoção!" (Skank, Ali)
Sim, aos treze anos eu já tinha me apaixonado, mas, nem por isso, essa música fazia muito sentido. Eu não entendia bem como uma paixão funcionava. Minha paixonite da época era uma paixão avassaladora, eu não tinha dúvida de como nem quando tinha acontecido, eu tinha todos os dados da minha paixão anotados em um diário. Primeira olhada, primeiro "oi", primeira conversa, fotos dele retiradas do anuário do colégio ou tiradas por amigas com ele no plano de fundo de uma foto minha. Uma paixonite simples, clara e direta.
Mas essa música parecia falar de uma paixão que foi crescendo aos poucos, algo que não tem um começo certo, algo que foi se acomodando no coração do cantor como um molho de tomate que, aos poucos, se acomoda nas curvas de uma massa parafuso. Nesta semana, sentada na sala da minha casa depois de ter ensinado uma americana a fazer pastel (história para outro post), eu pude compreender que minha relação com a cozinha aconteceu assim.
"Quem te ensinou a cozinhar", ela me perguntou. E eu não soube responder. Assim como não sei responder quando a comida passou a fazer meu coração bater tão forte. Neste ano, pela primeira vez, viajei com o objetivo de experimentar o maior número de comidas que um país tinha a me oferecer e foi incrível. Eu não sei se fui em que entrei na cozinha ou se foi ela que entrou em mim, só sei que cozinhar e provar comidas novas me traz o tempo todo "Cores, colagens, sons, emoção!".
Ao provar um prato novo, experimentamos tudo isso. As cores dos pratos, os aromas, as combinações, as texturas e os sons que as comidas fazem na nossa boca parecem uma mágica, são uma alquimia, e despertaram em mim uma paixão avassaladora que me melhora em muitos sentidos. Cozinhar é a minha paixão e eu espero que todo mundo possa ter uma paixão assim como a minha, que nos dá muito sem nos roubar nada.
Já a minha relação com o pesto, a receita deste post, foi um pouco mais intensa do que com a gastronomia. Desde o primeiro dia já declarei meu amor incondicional por ele. Lembro que me foi apresentado como algo diferente, exótico, um spaghetti com um molho verde e cheiroso. E hoje ele não é apenas o ator principal, ele também entra em algumas receitas como um mero coadjuvante, trazendo cor e sabor a pratos em que antes não estava presente.
Ingredientes
40g de queijo parmesão ralado
1 xícara de manjericão
3 dentes de alho
1/3 xícara de azeitona
1/2 xícara ou mais de azeite de oliva
Um punhado de nozes
Começo batendo no liquidificador todo os ingredientes com exceção das nozes. Muitas vezes preciso acrescentar mais azeite de oliva, daí vou acrescentando aos poucos até que o liquidificador consiga triturar tudo.
Finalizo com nozes picadas miúdas. Eu costumava colocar elas no liquidificador também, mas daí a textura se perde. Caso você não queira a textura das nozes, bata por último no liquidificador.
Sirva com massas, carnes, saladas e misturado ao creme de leite para temperar algumas comidas com cremosidade e um sabor mais ameno.
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